Agosto é, no Brasil, tradicionalmente apelidado de “mês do cão louco”. A combinação de clima seco e frio com o cio das cadelas deixa os cães machos mais agitados, aumentando o número de confrontos e mordeduras. Esse cenário eleva o risco de transmissão da raiva, zoonose viral que afecta todos os mamíferos.
Doença quase sempre fatal
A raiva atinge o sistema nervoso central e é transmitida sobretudo por mordidas, arranhões ou contacto de saliva com feridas abertas. Após o aparecimento dos sintomas, a letalidade aproxima-se de 100 %. Entre 2010 e 2025 registaram-se 50 casos humanos no Brasil; 22 resultaram de contacto com morcegos e nove de cães.
Vírus ainda circula em áreas urbanas
Dados oficiais indicam 241 infecções confirmadas em cães e gatos entre 2015 e 2024, das quais 186 em cães domésticos. Os números comprovam que o vírus permanece activo nas cidades, exigindo vigilância contínua. A forma silvestre, veiculada por morcegos, raposas e gambás, também motiva alertas: qualquer morcego com comportamento invulgar deve ser comunicado aos serviços de zoonoses.
Vacinação anual é a principal defesa
Campanhas públicas disponibilizam a imunização gratuita para cães e gatos a partir dos três meses de idade, incluindo fêmeas gestantes. O médico-veterinário Francis Flosi lembra que “manter o animal vacinado é um acto de amor e responsabilidade”.

Imagem: canaldopet.ig.com.br
Os sintomas nos cães iniciam-se com agressividade e salivação excessiva (fase furiosa) e evoluem para paralisia e coma (fase paralítica), momento em que já não existe tratamento. A vacina anual, por sua vez, oferece protecção fiável e evita que a doença chegue a humanos.
Dia Mundial Contra a Raiva
Em 28 de Setembro, a data dedicada ao combate à raiva sublinha a importância da prevenção e da educação sanitária. A recomendação das autoridades é clara: vacinar é proteger, e Agosto constitui uma oportunidade estratégica para reforçar a cobertura vacinal e travar uma enfermidade totalmente evitável.